Visita Cultural a Santo Tirso - 14.9.2019

A A.C.E.R. promoverá em 14 de Setembro uma Visita Cultural a Santo Tirso orientada pelo Dr. Manuel Almeida Carneiro, que sobre o evento elaborou a seguinte sinopse:

Santo Tirso: de João de Turriano a Tintoretto. Itinerário beneditino

A história do concelho de Santo Tirso está intrinsecamente ligada à tradição monástica, cuja origem remonta aos primórdios da fundação da nacionalidade. Aqui nasceu S. Rosendo, que no século X desenvolveu a vida monástica no Monte Córdova, ligado ao Mosteiro de Celanova. No ano de 987, no lugar da antiga Villa Moraria (Vila de Moreira) ou De Amoreira, Dona Unisco Godinis, esposa de Aboazar Lovesendes, fundou o Mosteiro de Santo Tirso consagrado ao mártir Santo Tirso, segundo o Livro de Linhagens do Conde D. Pedro. Esta comunidade beneditina perdurou até 1834, ano em que os bens da Igreja foram extintos pelo regime liberal.
A Igreja Matriz atual foi edificada no século XVII e o risco da obra é da autoria do Frei João de Turriano. Era filho de um arquiteto milanês, Leonardo Turriano, contratado por Filipe II, e dirigiu vários trabalhos nas sés de Viseu e Leiria. Como engenheiro militar dirigiu a construção do forte de Cabeça Seca, vulgo Torre do Bugio, o Forte da Foz do Douro e o Fortim de Matosinhos (anterior a 1642).
Na fachada vemos três nichos com as esculturas de Santo Tirso ao centro, ladeado por S. Bento e Santa Escolástica. A planta da Igreja é de cruz latina, com uma só nave. A sacristia foi a primeira parte a erguer-se, seguiu-se a capela-mor e a galilé. A Sala do Capítulo está hoje integrada na Escola Agrícola, tal como a Livraria Nova, concebida pelo monge e artista beneditino Frei José de Santo António Ferreira Vilaça. Havia uma Botica «ornada de estantes, e guarnecida de vidros, garrafas e outros mais trastes» e o Cárcere Monástico para os frades indisciplinados.
O recheio da Igreja do Mosteiro é digno de apreço. Destacamos os retábulos de talha dourada, as sanefas dos janelões do tipo rocaille e os púlpitos da autoria de Frei José de Santo António Ferreira Vilaça. Foi este mesmo artista que projetou a monumental Grade de Ferro de ferro bronzeado, que divide o corpo da igreja do seu transepto, à qual se acrescentaram um crucifixo e os castiçais. A caixa do Órgão Portátil é da autoria do mesmo artista beneditino e a Estante Giratória do Coro Alto foi feita pelo entalhador portuense António de Azevedo Fernandes, nos finais do século XVIII.
Retomando o itinerário beneditino, seguimos para Roriz, com paragem na Igreja Românica iniciada em 1158. A grande rosácea que ilumina a nave é digna de admiração, tal como a capela-mor rematada em forma poligonal, com arcadas cegas que exibem capitéis de gosto gótico e frestas com toros diédricos, característicos do românico portuense.
E para concluir o nosso percurso seguir-se-á a visita ao Mosteiro de Singeverga que alberga a monumental tela (5,25 metros de comprimento por 2,25 metros de altura) de Jacopo Tintoretto: A Adoração dos Reis Magos. Segue-se a análise iconográfica desta obra sublime do maneirismo europeu e, posteriormente, a degustação do saboroso Licor de Singeverga.

©Manuel Almeida Carneiro


As inscrições podem ser feitas por email para acer.geral@acer-pt.org